domingo, 14 de outubro de 2007

Comprar pode não parecer divertido, mas é.

Há controvérsias.
Eu afirmo categoricamente: tratar de compras com uma pessoa do sexo frágil, hoje denominada ‘homem’, é insofrível.
Sem feminismos. Longe de mim, questionar qualquer superioridade por parte de qualquer sexo. Convenhamos, sabemos a complexidade das compras nossas de cada dia.

Véspera de Natal. Ele, tendendo à mais gritante das características masculinas, esquecera que no ano passado se auto-nomeara ‘responsável’ pelas compras da ceia e pelos presentes da família, do natal deste ano. A auto-nomeação foi decorrente de um conflito, desses clichês, sabe? O homem sempre reclama da árdua saga feminina nos shoppings e HIPERmercados da vida.

Enfim. Eu o lembrei um mês antes, com todos os detalhes que o instinto canceriano me permitiu. É evidente que o orgulho falou mais alto e ele não modificou uma palavra do discursinho.
- Sim, eu as farei. Você é muito complicada, Cecília.
Como previ, tendendo também à outra característica padrão masculina – essa, menos gritante –, Marcos deixou tudo para a última hora.
Cá estávamos nós. Véspera de Natal. Nada feito.

Por mais que o meu alter-ego desejasse que ele fracassasse e eu pudesse tripudiar sobre sua derrota, eu sabia que as coisas não podiam dar errado. Afinal, sob qualquer efeito, a culpa seria da mulherzinha da casa. Nesse caso – sem o diminutivo – eu, Cecília.

Pois bem. Eu fui com ele às compras. Hipermercado primeiro, claro.
Ele levou sua lista de compras, que por ironia – ou não – não funcionou.
-Meu bem! – ele grita -, olha só como está cheio! Vamos até a seção de frios, preciso catar algumas coisas. (ele provavelmente não citará nada. Ficará em dúvida, etc., e tal).
Fui guardar o lugar na fila. Não que eu tenha confiado na capacidade logística de Marcos, mas o fiz.
Marcos para lá e para cá. Eu, lendo na fila. Marcos passou não vinte, mas quarenta vezes pelos molhos de tomate, até perceber que precisava comprar umas latas. Eu, lendo na fila.
Vai aos congelados. Vai às cervejas. Vai catar pães-de-forma. Eu, lendo na Fila.
Vai à seção de cuecas. Vai às rações.
- A comida do Bóbe está acabando, hein, Ceci. Se não sou eu para lembrar...

Volta aos pães-de-forma, cata mais algumas coisas. Vai aqui e ali. Sai aos pães de forma, mais algumas vezes.
Terminei a leitura.
-Pronto amor, terminei.

Fui fazer as unhas e cabelos, enquanto Marcos ia atrás dos presentes. Ô dó.
Estava moído. E ali, não havia diferença alguma entre Marcos e Brás Cubas. Ambos não passavam de defuntos anti-heróis, mas essa citação não vem ao caso agora.

E chega a hora. A ceia se fez de pães-de-forma e cerveja.
A comida do Bobby teria grande utilidade àquela hora, não fosse a ditadura vegetariana reinante no meu lar.
Evidentemente, Marcos foi incapaz de pensar em tudo o que era necessário para uma ceia de natal, tampouco de pensar, em presentes apropriados.
Afinal, que tipo de filho dá lingerie com cinta-liga para a própria mãe?


Eu ganhei um anel bonito, um bilhete e uma flor. Mas tinha meu Marcos, isso era importante.
Nem lembrei da ceia, nem de nada.
E interrompi o silêncio incômodo, típico de um natal que não deu certo:

- amor, vamos pedir uma pizza?

5 comentários:

Unknown disse...

João é mais suburbano!

E eu achando que tinha alguma pegadinha...hahahahahahaha....

Ps: Ficou muito bom!

Unknown disse...

E ontem parecia mais complicado, vai ver que foi por culpa do João....

Unknown disse...

Você quer ser minha amiguinha?
Eu posso por esse texto no meu LIVRO de bloggeiros?

Anônimo disse...

Como faço pra falar com vc , ja q orkut é bloqueado ?

Bj do Baiano aqui do Morro

Unknown disse...

Willy