Lígia sempre fora daquele mesmo jeito. Usava roupas estranhas, não cuidava do cabelo e não se maquiava.
E naquele dia, a vizinha do 560 advertiu: - Lígia, Lígia, você não arruma marido com esses sapatos, minha filha...
Ela saiu de casa, trancou a porta com duas voltas de chave e passou o cadeado. Tenho para mim que essa atitude demonstra insegurança e instabilidade emocional, o que pouco tem a ver com a pauta de agora.
Chega à escola. Lígia era professora. O que mais podia ser com aqueles sapatos horrendos?
- Bom dia, classe. Espero que todos tenham feito o dever que deixei no quadro, na aula de quinta-feira.
E a aula vai acontecendo.
- Maria, formule uma frase utilizando o verbo “queimar”.
Maria sempre fora a engraçadinha da turma, e disse – rapidamente - como se a frase já estivesse pronta em seu pensamento: - A minha professora tem sapatos tão bonitos, que eu até os...
- TRIIIIIIIIIIM. Toca o sinal. Acabou a aula.
Foi no caminho de casa que Lígia conheceu João.
Lígia entrou cheia de pressa no metrô. Eu acho válido registrar que Lígia morava no Rio de Janeiro. Conclua daí, que ela estava em pé, esmagada no trem e com medo de ser assaltada. Isso não é dos cenários mais românticos. Mas enfim.
- Oi, você quer se sentar? – João cedera gentilmente o lugar para Ligia. Eu acho isso romântico. Ele podia estar chamando-a de idosa, noutro ponto de vista. Mas o importante é que Lígia aceitou, e no momento que sentou começou a preparar uma pergunta cretina, dessas que se fazem no metrô – especificamente, do Rio de Janeiro.
João estava parado em frente a ela. Eu arriscaria dizer que ele também planejava uma pergunta do mesmo nível.
Lígia foi mais rápida.
- você é da zona sul?
- sim, sou sim. E você?
- sou também!
- como é seu nome?
- Lígia. O seu é...
- João. Prazer.
Os dois deram rumo à prosa. Falaram sobre literatura, política, cinema...
- Belos sapatos. - diz João, interrompendo as reflexões de Lígia.
Lígia sentiu vergonha. Era a primeira vez que olhara alguém nos olhos, desde que prometera a si mesma não mais acreditar nas mentiras de amor que tantas e tantas vezes imaginou antes de dormir. As maçãs de seu rosto coraram quase que instantaneamente, e não saiu nada além de um tímido ‘obrigada’.
João a acompanhou até a porta de casa. Despediram-se, e só.
Os dias passaram. Lígia continuou a ouvir os gracejos de Maria na escola e continuou a pegar o metrô lotado e comum.
Adentrava ao prédio, quando aquela do 560 gritou: - Líííígia, um moço veio aqui lhe procurar.
- A mim? Como era seu nome?
- Ah, isso eu não perguntei. Também pudera. Não é possível que tenha dois amigos com sapatos tão feios quanto aqueles.
Lígia sabia quem era.
Naquele fim de noite, ela rompeu a promessa que fizera e adormeceu inventando mais algumas mentiras de amor.
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10 comentários:
Nada melhor do que um nome do Subúrbio e uma cutucada nos cariocas....hahahahahahahaha....
Será que vou apanhar?
interezzante, entrei aqui pra xereta os comentarios e esta merda sabe meu nome, fiquei bolado.
RSrsrsrsrsrs
apenas isso
nossa como sabem meu nome?
UHEAUAEHUE
curti, acho dígno, okbjs! <3
sinistro, sáparada. eu hein.
Todos vocês estão logados no Google, amigo-lhes.
As contas do Google estão unificadas, sabe? É uma conta só pro orkut, Blogger, Youtube, Gmail e tantos outros serviços os quais não vivemos sem, hoje em dia.
Cuidado, muito cuidado...
Davi
eu tenho uma 4 contas no google.
soh agora vi que pozzo entrar com outra conta e etc.
vamos fazer 1 TL aqui??
isso é tipo um chat?
como fÄs//////////
Coitada da Lígia... =T
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