Ela entra feliz na sala.
Ele, folheando o jornal e ouvindo qualquer notícia na tevê.
- Amor, você notou alguma coisa diferente em mim?
- Ah, sim! Ficou bom seu cabelo.
- Não, amor. Não fiz nada no cabelo.
- Ah, não? Então ele está a cada dia mais bonito.
- Não seja dissimulado. Odeio quando faz isso.
- Isso o quê?
- Tá vendo? Isso!
- Eugênia, me deixa ler, querida.
- Qualquer jornalzinho é mais importante que a sua esposa?
- Eugênia, não estou a ler 'qualquer jornalzinho'.
- Cláudio, você não nota mais minhas mudanças.
- Mas querida...
- “Mas querida” coisa nenhuma.
- Eu te amo de qualquer maneira. Não importa o que faça nas unhas, meu docinho.
- Eu não fiz nada nas unhas!
- Não?
- Aposto que arranjou alguma vagabundazinha dessas de rua para se importar. Eu gastei horas do meu dia para te impressionar e você não está nem aí.
- Que vagabundazinha? Está falando da Odete? Odete é mãe de família e é uma excelente profissional. Não fale assim dela.
- Ah sim! Uh! É uma excelente profissional. Bem melhor do que a Dona Maria, de 64 anos que você mandou embora mês passado.
- A Dona Maria já não dava conta mais do serviço. Quando a idade chega é fogo.
- A Odete dá conta do serviço direitinho, hãn?
- A Odete é bem preparada, querida! Dá conta do recado. E olha que o pessoal lá na empresa abusa, hein.
- Aposto que você nota as mudanças da "Odetinha"
- Eugênia, ela não muda os cabelos. Acho até que nunca os pintou. Aquele tom castanho só pode ser natural.
- Cláudio, eu quero o divórcio.
- O quê? Está maluca?
- Falo sério.
- Eugênia, deixa de besteira. Não pode terminar um casamento de dez anos por causa de qualquer coisa que mudou na aparência.
- Qualquer coisa? Cláudio! Meça suas palavras. Eu posso e vou.
- Não vai não! Eu não permitirei. Meu amor por você é muito grande.
- Não me venha com essa histórinha. Seus créditos comigo acabaram. Por que acha que tenho te ligado a cobrar?
- Você é a mulher da minha vida! Quero envelhecer ao seu lado. Nada nessa vida me faria desistir do nosso amor.
- Cláudio! Você nem se deu o trabalho de tirar o focinho desse jornal e me olhar.
- Tá vendo como você está mudando de assunto? Está com ciúmes do jornal. Me deixa ver...
- Ah, sim. Finalmente, Cláudio.
- EUGÊEEENIA! Tire essa camisa do Flamengo A-GO-RA. Está pintada feito uma palhaça!
- Amor...
- Eugênia, quem quer o divórcio sou eu!
- Amorzinho, não faça isso! Eu quis fazer uma surpresa.
- Valei-me! Amanhã de manhã iremos ao escritório do Ferraz, ele tratará da papelada. Com que tipo de mulher me casei?
- Cláudio, você está louco? Vai largar sua esposa por causa de uma camisa de futebol?
- Eugênia, a Odete jamais usaria calcinhas do Flamengo!
- Quem está falando de calcinhas, Cláudio?
- Não quero mais conversa contigo. Já resolvemos o que tínhamos a resolver. Pegue sua camisa do Flamengo e vá para a casa da sua mãe, Eugênia. Nosso casamento acabou aqui. E ponto.
Onde já se viu?
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
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9 comentários:
onde eu achei esse blogue?
gostei...
=*
Eitaa..
Era uma camisa do flamengo a mudança.
Li o texto rapidinho, só na curiosidade de saber o que era, rs!
A Odete não usa calcinhas do Flamengo
foi ótimo! XD
Hahahaha...
Muito bom...
Se eu fosse o marido, confesso, ia adorar a surpresa.
Achei o blog no seu perfil do orkut... ^^
Virei sempre a partir de agora, parabéns pelos escritos.
daniiiizinha... ahahahahahah se vc cola com camisa do flamengo ja éra acabo o nosso casamento!!! =D
vlw, la é um espacinho para democratização de algumas idéias.
Legal o blog hein ....gostei também ...
abs..
Uma discusão alá Woody Allen...
Hahaha!
gostei do blog.
li apenas três contos. com certeza voltarei aqui.
Abç.
:]
Obrigado pela visita ao meu canto amargo.
Seu texto me fez rir, a forma com que você conduziu a narrativa me lembrou o Lourenço Mutarelli em algumas partes(isso é um elogio).
Gostei muito, visitarei mais vezes seu blog.
FLAMENGO!!!
*morri
amigan, vc é sensacional. não sabia que você lidava bem com as palavras assim (y)
ps: se fosse a camisa do vasco aí tava tuod de boa, fikdik
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